Pedras
Ao ouvir o relato: “Ainda bem que 2011 está chegando ao fim. Esse ano não foi nada bom para mim, pois trouxe-me muitos problemas”, lembrei-me do maravilhoso verso de Drummond “no meio do caminho tinha uma pedra, tinha uma pedra no meio do caminho”.
Não há quem não as encontre na caminhada da vida. Geralmente, de forma inesperada, silenciosa ou natural, traduzidas em nossos medos e expectativas, elas surgem e, costumeiramente, nos fazem parar, temer, tremer, sofrer e algumas vezes chorar. Nem sempre damos a elas a devida importância pelo resgate da nossa capacidade modificadora e de superação.
Podemos até dizer que nossas pedras são, de alguma forma, nossos agentes de mudanças. Quantos de nós não se reergueram e se transformaram após se deparar com as pedras no meio do caminho?
Representadas pelos obstáculos, pelos quais enfrentamos e passamos na vida, poderíamos também denominá-las de crise: crise existencial; crise nos relacionamentos, entre pessoas e entre nós com nós mesmos; no trabalho; na comunidade; Tudo são pedras no meio do nosso caminho.
Quem sabe  talvez, a palavra crise tenha esse significado: perigo e oportunidade. Ou seja, ao nos depararmos com as pedras (nossos perigos) no nosso caminho, estamos também nos deparando com as oportunidades, que surgem como ocasiões apropriadas para identificarmos e concretizarmos as ideias para superar os perigos.
E serão as soluções aplicadas para removê-las que nos mostrarão os caminhos que podem nos renovar e nos fazer ressurgir, algumas vezes das até mesmo das “cinzas”, de uma maneira nova e diferente.
 A Pedra, de Antonio Pereira Dias Neto. Seus versos dizem:
O distraído nela tropeçou,
O bruto a usou como projétil,
O empreendedor, usando-a, construiu,
O camponês, cansado da lida, dela fez assento,
Para meninos foi brinquedo,
Drummond a poetizou,
Davi matou Golias…
Por fim;
O artista concebeu a mais bela escultura.
Em todos os casos, a diferença não era a pedra.
Mas o homem.
Certamente, ver ou não ver tais pedras como perigos e/ou oportunidades dependem da nossa forma de pensar, dos direcionamentos da educação a que somos ou fomos submetidos e das características culturais, percepções, crenças e valores.
Tentemos exercitar um novo olhar para as pedras no meio do nosso caminho. Quem sabe não são proveitosas as oportunidades que elas nos oferecem.
Luz sobre nossas pedras.
.-.Camila Venturin.

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